17 de abr. de 2011

Poesia Matemática (Millôr Fernandes)

Linda poesia encontrei em um material didático : Às folhas tantas do livro matemático Um Quociente apaixonou-se um dia doidamentente por uma incógnita. Olhou-a com seu olhar inumerável e viu-a, do Àpice á Base,uma figura ímpar; Olhos romboides, boca trapezoiide, corpo octogonal, seios esferoides. Fez da sua uma vida paralela á dela. Até que se encontraram no infinito. Quem és tu?, indagou ele com ânsia radical. Sou a soma do quadrado dos catetos. Mas pode me chamar de hipotenusa. E de falarem descobriram quem eram O que, em matemática, corresponde a almas irmãs-Primos-entre-si. E assim se amaram ao quadrado da velocidade da luz Numa sexta potenciação, traçando ao sabor do momento e da paixão Retas, curvas, círculos e linhas senoidais. Escandalizaram os ortodoxos das fórmulas euclidianas E os exegetas do Universo Finito. Romperam convenções newtonianas e pitagóricas. E, enfim, resolveram se casar. Construir um lar.Mais que um lar, uma perpendicular. Convidaram para padrinhos o Poliedro e a Bissetriz E fizeram planos, equações e diagramas para o futuro. Sonhando com uma felicidade integral e diferencial. E se casaram e tiveram uma secante e três cones muito engraçadinhos. E foram felizes. Até aquele dia em que tudo,afinal, vira monotonia. Foi então que surgiu o Máximo Divisor Comum. Frequentador de Círculos concêntricos viciosos, Ofereceu-lhe, a ela, uma grandeza absoluta, E reduziu-a a um denominador comum. Ele Quociente,percebeu que com ela não formava mais Um Todo, Uma unidade. Era o Triângulo, tanto chamado amoroso. Desse problema ela era a fração mais ordinária. Mas foi então que Einstein descobriu a Relatividade E tudo que era espúrio passou a ser moralidade, Como, aliás, em qualquer Sociedade. Este texto é uma excelente sugestão de atividades para ser desenvolvida em sala de aula, com alunos. Trabalhando a interdisciplinaridade com outras diciplinas.